De uma maneira geral, os dentes do siso possuem indicação formal de serem removidos. São dentes que, em sua grande maioria, não possuem função mastigatória. A sua localização no fundo da arcada dentária associado à limitação de espaço na arcada dental impedem a erupção adequada destes dentes. A dificuldade na higiene do dente do siso propicia a formação de cáries e inflamação na gengiva, conhecida como pericoronarite.
Tanto as cáries quanto as pericoronarites evoluem com dor o que faz com que o paciente procure atendimento odontológico.
Quando não tratados, podem progredir para infecções locais. Nestas condições, há um aumento progressivo do processo inflamatório dos tecidos moles e musculares circunjacentes aos dentes acometidos. Isso faz com que o paciente apresente limitação da abertura bucal, o que caracteriza o trismo. Em situações de trismo severo, a limitação da abertura bucal torna-se tão importante que o paciente não consegue introduzir alimentos na cavidade bucal ao mesmo tempo em que este espaço reduzido também impede a escovação dos dentes.
Postergar o atendimento odontológico nestas condições é permitir que o processo infeccioso progrida. Ocorre a proliferação bacteriana, intensificação do processo inflamatório e a formação de pus. A tendência é que o acúmulo de pus seja drenado espontaneamente pela mucosa da cavidade bucal ou pela pele. Porém, quando isso não acontece, o pus que se acumula aumenta a pressão sobre os tecidos musculares e começa a invadir áreas nobres da cabeça, pescoço e torax. Nesta situação o paciente estará diante de um abscesso cervical. Aquilo que era uma infecção local pode se tornar sistêmica podendo levar à compressão e obstrução da traqueia, sepse e morte.
Imagem 1. Imagem 2. Imagem 3.
(1) Dente do siso parcialmente erupcionado. (2) Abscesso crvical. (3) traqueostomia.
Em situações de abscesso cervical, o paciente deverá procurar um pronto socorro que irá acionar a equipe médica da Cirurgia de Cabeça e Pescoço. A drenagem deverá ser realizada em centro cirúrgico e sob anestesia geral. Como na evolução clínica paciente apresentou o trismo, não será possível realizar a intubação orotraqueal para a anestesia geral. Assim, o médico deverá realizar uma traqueostomia previamente sob anestesia local para que posteriormente possa ser realizado a anestesia geral, seguida de uma ampla incisão na pele, esvaziamento do pus acumulado e a remoção do dente envolvido. Ao final do procedimento, serão posicionados drenos pela pele por alguns dias para a completa exteriorização do pus. O paciente deverá ser encaminhado à UTI e receber antibióticos pela veia.
Pelo intuito de se evitar infecções destas dimensões, os Cirurgiões-Dentistas indicam a extração preventiva dos dentes do siso.
Escrito por: Dr. Rodrigo Tadashi - Médico (Cirurgia de Cabeça e Pescoço) e Cirurgião-Dentista.
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